Durou cerca de duas horas e meia o depoimento do perito Osvaldo Negrini
Neto como testemunha de acusação do julgamento do Massacre do Carandiru,
que teve início na manhã desta segunda-feira (29) no Fórum da Barra
Funda, em São Paulo. Negrini Neto começou a ser ouvido por volta das 14h
desta segunda e, durante todo o seu depoimento, descartou a hipótese de
que tenha ocorrido confronto entre policiais e detentos, como defendem
os advogados de defesa dos policiais no episódio. “Se houvesse
confronto, haveria vestígios nas paredes opostas [a das celas]. No
terceiro pavimento, tinha só dois disparos no corredor, próximos à porta
da cela, e indicam que foram dados de frente para a cela”, disse o
perito aos promotores do caso, Fernando Pereira Filho e Eduardo Olavo
Canto. Segundo informações da Agência Brasil, o perito disse à advogada
Ieda Ribeiro de Souza, que defende os 26 policiais acusados nesta etapa
do julgamento, que mais de 600 disparos foram feitos durante o massacre.
“Mais de 450 [balas] foram retiradas dos corpos das vítimas. E entre
175 e 180 disparos foram registrados nas paredes [das celas]”, disse o
perito
Em outubro de 1992, o maior massacre do sistema penitenciário brasileiro
No início da madrugada deste domingo (21), 23 dos 26 policiais militares
acusados da morte de 15 detentos no Massacre do Carandiru foram
condenados pelo Tribunal do Júri.
O juiz José Augusto Nardy Marzagão, que presidiu o julgamento, fixou a
pena em em 156 anos de reclusão para cada um, em regime inicial fechado.
Os réus podem recorrer em liberdade. Roberto Alberto da Silva, Eduardo
Espósito e Maurício Marchese Rodrigues foram absolvidos.
O julgamento durou seis dias, após um jurado passar mal na noite do
segundo dia e os trabalhos ficaram suspensos por um dia e meio.
O Massacre do Carandiru é conhecido como o maior massacre do sistema
penitenciário brasileiro e ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando
111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante a invasão
policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do Presídio do
Carandiru.
O único envolvido cujo julgamento chegou ao final, coronel Ubiratan
Guimarães, foi inocentado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em
fevereiro de 2006. Em 2001, ele foi condenado a 632 anos de prisão pela
morte de 102 dos 111 prisioneiros vítimas na invasão do complexo
penitenciário do Carandiru. O militar foi assassinado em setembro de
2006, em crime do qual a namorada foi acusada e depois absolvida (em
novembro do ano passado), por falta de provas.
Advogada de defesa recorre de sentença;A advogada Ieda Ribeiro de Souza,
que defende os 26 réus, disse que já recorreu da sentença. A advogada
disse acreditar que a condenação dos policiais não traduz a vontade da
população. “Eu vi [a decisão] com muita frustração. Foi uma decisão por
maioria de votos. Na verdade, por diferença de um voto e isso não
reflete a vontade da sociedade brasileira”, disse.
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